Use o bisturi em seu texto

Esteja atento à linguagem formal inerente aos textos dissertativos.

Fuja das frases feitas (modismos, clichês) e dos pleonasmos (redundâncias ou tautologias) aos quais estamos sujeitos por contaminação da linguagem oral, principalmente em conversas informais, durante as quais poderemos ser tentados a utilizá-los como facilitadores da enunciação de nossas ideias, o que, dependendo do contexto, até certo ponto é aceitável.

Na produção do seu texto, entretanto, seja criterioso(a) e use o bisturi para eliminar clichês.

Reveja alguns dos clichês mais comuns em redações:

  • agarrar com unhas e dentes (substitua por “aproveitar as oportunidades”, “mostrar-se resoluto a…”);
  • cair com uma bomba (prefira “repercutir”, “alarmar”, “sobressaltar”, “surpreender”);
  • chegar a um denominador comum (troque por “concordar”, “consentir”, “convergir”);
  • colocar um ponto final (dê preferência a “finalizar”, “concluir”);
  • faca de dois gumes (opte por “temerário”, “arriscado”, “perigoso”, “imprevisível”).
  • dar o pontapé inicial (prefira “inaugurar”, “lançar”).
  • encerrar com chave de ouro (use “concluir com êxito”).

Elimine também expressões pleonásticas como a partir de agora, absoluta certeza, acabamento final, juntamente com, expressamente proibido, destaque excepcional, pequenos detalhes, vereador da cidade, outra alternativa, conviver junto, multidão de pessoas, compartilhar conosco, passatempo passageiro, breve alocução, rara exceção,  abusar demais, exultar de alegria.

Agora é com você!

Seja criterioso, use o bisturi se necessário!

A tese deve ser a mais clara possível

Procure apresentar a tese (ideia-força) do seu texto dissertativo-argumentativo de forma clara, muito bem definida e inconfundível.

Dê preferência à ordem direta de apresentação dos termos da oração, sem intercalações e desembaraçada de informações que possam obscurecê-la. 

No exemplo do parágrafo abaixo, observe a falta de clareza quanto à apresentação da ideia-força do fragmento.

Veja que, antes da apresentação da tese (grifada), foram tratadas em cascata outras questões paralelas que desfocaram o parágrafo do seu objetivo.

Mau exemplo:

Ainda tem sido comum em nosso país o voto de cabresto, entendido como o controle do poder político por meio da compra de votos, principalmente no seio da população menos esclarecida e com menor poder aquisitivo, ou seja, mais carente de educação, trabalho e renda, refém de problemas que precisam ser urgentemente solucionados pelos governos em todas as esferas de responsabilidade, o que somente poderá ser resolvido se houver vontade política de nossos homens públicos, os quais, salvo raríssimas exceções, estão mais preocupados com as vantagens pessoais que o poder lhes confere do que com a prestação de serviços às comunidades que os elegem. Faz-se urgente uma reforma política que viabilize a moralização dos processos eletivos no Brasil

Bom exemplo (corrigindo o parágrafo anterior):

Faz-se urgente reforma política que viabilize a moralização dos processos eletivos no Brasil (tese) como forma de combate à submissão do poder político ao financeiro.

Agora é com você: seja claro e posicione a tese nas primeiras linhas do texto dissertativo-argumentativo de até 30 linhas!

Treinar, treinar e…treinar é o segredo do sucesso!

Se desejar, contrate os nossos serviços de correção de textos.

Bom trabalho!

Uma boa dica: escreva com naturalidade

Há candidatos que, infelizmente, tentam rebuscar a linguagem do texto na intenção de impressionar a banca examinadora.

Com isso, acabam produzindo verdadeiras aberrações literárias, desconectadas do mundo real e de difícil compreensão.

princípio do realismo, mesmo que o texto esteja tratando de subjetividades, não deve ser esquecido em textos argumentativos.

Veja bem: a argumentação fica fortemente prejudicada quando há falta de exemplos adequados e ausência de informações e dados que possam facilitar o entendimento do leitor.

Sugestão: mesmo que o assunto da questão requeira introspecções de sua parte, evite a linguagem rebuscada, imprecisa, emotiva ou excessivamente figurativa.

Contrate os nossos serviços de correção de textos e seja avaliado por quem entende do assunto.

Bons estudos!

Tire o melhor proveito das relações de implicação entre os enunciados

As linhas de pensamento e argumentação de textos dissertativos não devem sofrer solução de continuidade em consequência da má utilização dos conectores e dos sinais de pontuação.

É sempre oportuno recordar o espectro dessas possibilidades. Assim, ao lado de cada caso você encontra um exemplo:

Relações de implicação por coordenação:

  • Orações coordenadas assindéticas: Cheguei, vi, venci.
  • Orações coordenadas sindéticas (introduzidas por conjunções coordenativas):
    • aditivas: Cumprimentei-o e fui embora.
    • adversativas: Você sorri muito, mas não está feliz.
    • alternativas: Esforçamo-nos ou experimentamos o fracasso.
    • conclusivas: O dia está nublado; não iremos, pois, à praia.
    • explicativas: O baile já acabou, pois reina o silêncio.

Relações de implicação por subordinação:

  • Orações subordinadas substantivas (introduzidas por conjunção subordinativa integrante “que” ou “se”):
    • subjetivas: É importante que você volte.
    • objetivas diretas: Não respondi se concordo ou não com a proposta.
    • objetivas indiretas: Não duvide do que ela seja capaz.
    • predicativas: A verdade é que ele prevaricou.
    • completivas nominais: Estou certo de que passarei no vestibular.
    • apositivas: Desejo-te somente isto: que sejas feliz.
  • Orações subordinadas adjetivas (introduzidas por pronomes relativos):
    • explicativas: Os alunos, que estavam motivados, brilharam como nunca.
    • restritivas: Próspero é o país cujos eleitores são criteriosos.
  • Orações subordinadas adverbiais (iniciadas por conjunções subordinativas, exceto as integrantes):
    • causais: A chuva não tarda, porque as nuvens estão carregadas.
    • comparativas: Certos políticos falam mais do que fazem.
    • concessivas: Embora estivesse constrangido, respondeu a todos.
    • condicionais: Se convidado, vá à festa.
    • conformativas: Estudamos até tarde, como havíamos combinado.
    • consecutivas: O frio era tanto que ficamos em casa.
    • finais: A fim de aproveitar o dia, levantei mais cedo.
    • proporcionais: Quanto mais se tem, mais se quer.
    • temporais: Sempre que viajo, visito boas livrarias.

Agora é com você!

Sempre que estiver escrevendo, procure observar a adequação das relações de implicação entre os enunciados.

Bons estudos!

 

Como dissertar com posicionamento favorável a assunto polêmico

Tema polêmico, você bem sabe, é todo aquele que admite diferentes posicionamentos em torno dele, a exemplo da adoção da pena de morte no Brasil.

Se você tiver posicionamento favorável à polêmica estabelecida, sugerimos o seguinte esboço para dissertações de até 30 linhas:

  • Introdução: breve contextualização (se for o caso) + apresentação da tese (o seu posicionamento crítico favorável à polêmica da questão) + plano de curso do texto (como o texto será desenvolvido, se for o caso) + objetivo(s) do texto (se for o caso).
  • 2º parágrafo: análise dos aspectos desfavoráveis à polêmica.
  • 3º parágrafo: análise dos aspectos favoráveis à polêmica (com maior ênfase).
  • Conclusão: expressão inicial (facultativa) + confirmação da polêmica + reafirmação do posicionamento favorável em relação à polêmica + apresentação de soluções à situação-problema da questão (se for o caso)  + apreciação final.

Qual a sua opinião, por exemplo, sobre a redução da maioridade penal aos 16 anos no Brasil?

Mesmo que você seja favorável à questão, não deixe de considerar as opiniões contrárias à sua. Tudo por uma questão de bom-senso.

Não deixe, entretanto, de enaltecer o seu ponto de vista mediante o uso de uma linguagem retilínea, vigorosa e convincente (com o cuidado de não cair no radicalismo!).

Bons estudos!